A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) divulgou em relatório, revisado por outras autoridades científicas, que o mundo bateu o recorde de emissões de gases do efeito estufa, particularmente o CO2. Na primavera de 2012, pela primeira vez, a concentração de CO2 atmosférico excedeu as 400 partes por milhão (ppm) em sete das 13 estações de observação do Ártico. A média global de dióxido de carbono alcançou 392,6 ppm, um aumento de 2,1 ppm com relação a 2011.
O relatório não abordou as causas por trás destas tendências, mas apontou que as emissões de dióxido de carbono a partir da queima de combustíveis fósseis alcançaram também novas altas, depois de um declínio suave nos últimos anos, que se seguiram à crise financeira mundial.
O observatório situado no vulcão de Mauna Loa, no Havaí, registrou na semana passada uma concentração de CO2 de 400,03 ppm, informou a NOAA, completando que a média anual de 2013 deverá superar os 400 ppm, um número simbólico que marca uma tendência inquietante do planeta para o aquecimento. Segundo os analistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, com uma média anual de 400 ppm de concentração de CO2, o aquecimento global previsto será de pelo menos 2,4°C superando o objetivo fixado pela comunidade internacional em 2009 de manter o aquecimento global a um máximo de mais 2° C em relação aos níveis registrados antes da era industrial. Caso esses 2º C sejam superados, os cientistas avaliam que o planeta entrará em um sistema climático marcado pelos fenômenos extremos.
As perspectivas, entretanto são pessimistas: as emissões de CO2 na atmosfera não param de aumentar e, caso a tendência persista, a temperatura pode aumentar entre 3 e 5 graus.
O Brasil parece seguir a tendência global já que o inventário do Programa Brasileiro GHG Protocol, estudo desenvolvido pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas, mostra que, no ano passado, a emissão direta de gases que provocam o efeito estufa não teve redução efetiva. Foram emitidos 71,6 milhões de toneladas de gás carbônico. Houve queda de 35% no total de emissões em relação a 2011, mas isso ocorreu porque uma grande organização que participava da pesquisa deixou de publicar seu inventário em 2012.
Deficiências de inventário como esta serão sanadas a partir do ano que vem quando se tornará obrigatório a todos os setores produtivos brasileiros o reporte das emissões e transferências de poluentes (RETP), uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente do Governo do Brasil. O RETP está integrado ao relatório de atividades potencialmente poluidoras do Cadastro Técnico Federal/IBAMA e constitui um sistema de levantamento, tratamento, acesso e divulgação pública de dados e informações sobre as emissões e as transferências de poluentes presentes em atividades produtivas, que causam ou têm o potencial de causar impactos maléficos, para os compartimentos ambientais, ar, água e solo, harmonizado internacionalmente.
A empresa de consultoria Intertox Ltda foi contratada para assessorar o MMA no embasamento teórico do programa RETP e em reuniões técnicas nacionais e internacionais para aprimoramento do mesmo. Os dados obtidos no RETP podem ser usados pelos gestores públicos para a priorização de ações de controle de poluição já que permite: 1) o rastreamento da geração, emissão e destinação de poluentes ao longo do tempo; 2) o exame do progresso nas ações de redução de poluição; e 3) no estabelecimento de prioridades dentro das atividades de controle de poluição e sustentabilidade. E como a poluição não respeita limites geopolíticos, o RETP como ferramenta internacional permite o entendimento dos mecanismos de liberação e transferência de poluentes em escala global, análise importante para os gases de efeito estufa.
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