Praguicida organoclorado pode contribuir para o risco da doença de Alzheimer

Praguicida organoclorado pode contribuir para o risco da doença de Alzheimer

Pesquisa publicada pelo Journal of the American Medical Association (JAMA) alerta que o praguicida diclorodifeniltricloroetano (DDT) pode ter influência sobre o desenvolvimento da doença de Alzheimer. O estudo encontrou concentrações quatro vezes maiores de diclorodifeniletano DDE, um dos metabólitos do DDT, em 86 idosos com Alzheimer em comparação com 79 idosos saudáveis.

“As descobertas devem ser um estímulo para futuras pesquisas usando métodos epidemiológicos mais rigorosos, mas por si só, não dão uma evidência forte de um risco”, disse David Coggon, professor de medicina ocupacional e ambiental da Universidade de Southampton na Grã-Bretanha.

Pesquisas indicam que o mal de Alzheimer possui um componente genético. Entretanto, pouco se sabe sobre os mecanismos externos que contribuem para a doença que afeta 35 milhões de pessoas ao redor do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Este é um dos primeiros estudos a identificar um forte fator de risco ambiental para o mal de Alzheimer”, afirmou em um comunicado o co-autor do estudo, Allan Levey, diretor de Neurologia da Escola de Medicina da Universidade Emory (Estados Unidos da América). E concluiu: “O imenso impacto potencial para a saúde pública de se identificar uma causa evitável do mal de Alzheimer justifica a realização de mais estudos urgentemente”.

O DDT é o mais conhecido dentre os inseticidas do grupo dos organoclorados. Em 1972 foi banido nos Estados Unidos devido a sua toxicidade, mas ainda é usado em alguns países do mundo e autoridades sanitárias o consideram uma importante ferramenta no combate à malária.

No Brasil, o DDT teve sua retirada do mercado em duas etapas: em 1985, teve sua autorização cancelada para uso agrícola; e em 1998, foi proibido para uso em campanhas de saúde pública. Atualmente, de acordo com a Lei nº11.936 de 2009, é proibida a fabricação, importação, exportação, manutenção em estoque, comercialização e uso da substância.

O ser humano pode ser atingido por exposição direta (inalação) ou por alimentos contaminados por DDT e outros praguicidas organoclarados. Com características lipossolúveis, essas substâncias são facilmente absorvidas pelas vias digestiva, respiratória e cutânea, e devido à lenta biotransformação acumulam-se na cadeia alimentar e no tecido adiposo humano.

Os praguicidas organoclorados atuam sobre o sistema nervoso central, especificamente no equilíbrio de sódio/potássio nas membranas dos axônios, resultando em alterações de comportamento, distúrbios sensoriais, do equilíbrio, da atividade da musculatura involuntária e depressão dos centros vitais, particularmente da respiração. A intoxicação aguda nos seres humanos caracteriza-se por cloracnes, dor de cabeça, tonturas, convulsões, insuficiência respiratória, edema pulmonar, irritação laringotraqueal, hipertensão e broncopneumonia, dependendo da dose e do tempo de exposição.

Os efeitos crônicos, isto é, decorrentes da intoxicação a longo prazo, consistem em neuropatias periféricas, paralisias, discrasias sanguíneas, lesões hepáticas com alteração das enzimas transaminases e fosfatase alcalina, lesões renais e arritmias.

REFERÊNCIAS:

http://archneur.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=1816015

http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2014/01/pesticidas-podem-aumentar-risco-de-alzheimer-sugere-estudo.html

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422002000600017

http://www.who.int/mental_health/publications/dementia_report_2012/en/

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11936.htm

Oliveira Filho, A. M.; Proceedings of the International Workshop on Organic Micropollutants in the Environment, Rio de Janeiro, Brasil, 1997.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Departamento Técnico- Normativo. Divisão de Meio Ambiente e Ecologia Humana. Organização Pan- Americana de Saúde: Manual de Vigilância da Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos, Brasília,1997. 

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