Em outubro foi realizado o evento “Prêmios para as mulheres brasileiras em química e ciências relacionadas” no auditório principal da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
A cerimônia não teve como único objetivo a entrega dos prêmios, mas também levantar uma discussão a respeito do papel das mulheres na pesquisa científica no Brasil e no mundo, com foco na área de química e ciências relacionadas. Apesar de 50% das produções científicas brasileiras no mundo serem de autoria feminina (Elsevier, 2017), a participação de mulheres na ciência não passa de 30%. Não só isso, mesmo com o alto número de profissionais com cursos de mestrado e doutorado, muitas dificuldades são apresentadas para as mulheres que desejam construir uma carreira científica e ocupar cargos de alto nível em instituições, como: o preconceito de gênero, a falta de preparação para liderar e o planejamento familiar, este último que muitas vezes exige das pesquisadoras fazer a escolha entre a carreira acadêmica ou a família.
Claudia Bauzer Medeiros, membro da coordenação do programa FAPESP de Pesquisa em eScience e Data Science, falou a respeito da Ciência e Tecnologia no Estado de São Paulo, apontando a diminuição em massa de estudantes de cursos como Computação, e a ausência da presença feminina nesse segmento. Por sua vez, Vanderlan Bolzani – professora titular do Instituto de Química da UNESP/Araraquara e Vice-Presidente da Sociedade Brasileira do Progresso da Ciência – realizou uma brilhante apresentação a respeito das mulheres na ciência, no Brasil e no mundo, destacando as dificuldades enfrentadas pelas mesmas no reconhecimento de seus trabalhos.
Por fim, Bibiana Campos – Editora-chefe da Chemical & Engineering News – palestrou sobre as perspectivas da American Chemical Society quanto aos avanços alcançados por mulheres na ciência. Em seu discurso ela reforçou a dedicação da revista em valorizar pesquisas que falem a respeito da problemática do preconceito de gêneros na produção científica, e que o avanço está vindo, porém ainda de forma lenta.
Após uma seção de comentários e esclarecimento de dúvidas, a premiação foi realizada, tendo três categorias:
- Líder emergente na química e ciências relacionadas, com vencedora Clarissa Piccini Frizzio;
- Liderança na Indústria, com vencedora Cristiane Aparecida Furtado Canto;
- Liderança na Academia, com vencedora Dra. Susana Inês Cordoba de Toressi.
Patrocinado pela American Chemical Society, Sociedade Brasileira de Química, e a revista C&EM, o evento é um marco para a pesquisa no Brasil, que é frequentemente negligenciada. Valorizar nossos pesquisadores e profissionais é fundamental para garantir que a ciência brasileira perpetue e se desenvolva cada vez mais. Ainda em sua primeira edição, espera-se que a premiação continue nos próximos anos, valorizando nossas profissionais e incentivando cada vez mais as mulheres cientistas.