Como estruturar um sistema de rastreabilidade para produtos químicos

A rastreabilidade de produtos químicos é uma exigência cada vez mais relevante em setores como indústria, transporte, logística e saúde. Além de atender a legislações ambientais e sanitárias, implementar um sistema eficiente de rastreamento contribui diretamente para a segurança, qualidade e controle dos processos.

Neste artigo, você vai entender como estruturar um sistema eficaz de rastreabilidade de produtos químicos, quais são seus benefícios, etapas fundamentais e ferramentas recomendadas para otimizar o controle desses insumos.

O que é rastreabilidade de produtos químicos?

A rastreabilidade de produtos químicos consiste na capacidade de identificar a origem, o percurso e o destino de substâncias químicas ao longo de toda a cadeia produtiva. Isso inclui desde o recebimento da matéria-prima até o descarte final ou reutilização.

Esse processo permite monitorar cada lote de produto, identificar rapidamente falhas ou riscos à saúde e ao meio ambiente, além de facilitar processos de auditoria, recall e conformidade com normas como a NR-26, REACH, GHS e ISO 9001.

Por que a rastreabilidade é essencial para empresas que lidam com químicos?

A implementação de rastreabilidade de produtos químicos oferece vantagens importantes:

BenefícioDescrição
Conformidade legalGarante atendimento às legislações ambientais e sanitárias
Controle de qualidadePermite identificar lotes defeituosos ou contaminados
Segurança ocupacionalMinimiza riscos de exposição acidental de colaboradores
Agilidade em emergênciasFacilita a localização e contenção de substâncias perigosas em incidentes
SustentabilidadeApoia práticas de gestão responsável e redução de impactos ambientais

Etapas para estruturar um sistema de rastreabilidade de produtos químicos

rastreabilidade de produtos químicos

1. Mapeamento dos processos e fluxos

Antes de mais nada, é necessário mapear todos os pontos da cadeia onde há manipulação, transformação, transporte ou armazenamento de substâncias químicas. Esse mapeamento deve identificar:

  • Tipos de produtos químicos utilizados;
  • Locais de entrada e saída;
  • Responsáveis por cada etapa;
  • Documentação e controles já existentes.

2. Cadastro de produtos e fornecedores

Crie um banco de dados com todas as informações relevantes sobre os produtos químicos:

  • Nome comercial e técnico;
  • Número CAS;
  • FDS (Ficha com Dados de Segurança);
  • Classificação de perigo;
  • Fornecedor e lote.

Esse cadastro deve ser atualizado com frequência e integrado a um sistema digital, se possível.

3. Etiquetagem e codificação

A rastreabilidade só é eficiente se houver identificação clara dos produtos. Por isso, implemente:

  • Códigos de barras ou QR codes;
  • Etiquetas resistentes a produtos corrosivos;
  • Informações sobre validade, lote e destino.

A automatização dessas etiquetas reduz erros humanos e aumenta a confiabilidade do processo.

4. Registro de movimentações

Cada movimentação — entrada, armazenamento, uso, transporte ou descarte — deve ser registrada no sistema. Isso pode ser feito por:

  • Planilhas integradas;
  • Sistemas ERP com módulos químicos;
  • Softwares específicos de rastreabilidade de produtos químicos.

O ideal é que os registros estejam associados aos lotes e às datas, permitindo auditorias retroativas.

5. Integração com protocolos de segurança

A rastreabilidade deve estar alinhada com os programas de segurança e saúde da empresa. Isso inclui:

  • Treinamentos periódicos;
  • Procedimentos de emergência;
  • Controle de EPIs;
  • Gestão de resíduos perigosos.

Quanto mais integrado o sistema, mais eficaz será o controle dos riscos.

Softwares e tecnologias que facilitam a rastreabilidade

O uso de tecnologia é um grande aliado na rastreabilidade de produtos químicos. Veja a seguir algumas ferramentas comuns:

TecnologiaAplicação
ERP com módulo químicoIntegra dados de compras, estoque, produção e segurança
RFIDPermite rastreamento em tempo real de lotes e recipientes
Sistemas de QR CodeFacilita acesso rápido a fichas técnicas e localização de produtos
Banco de dados em nuvemAumenta a segurança das informações e permite acesso remoto
Software de gestão ambientalAutomatiza relatórios e garante conformidade regulatória

Boas práticas para manter o sistema funcionando

Mesmo após a implementação, a rastreabilidade de produtos químicos exige atenção constante. Algumas boas práticas incluem:

  • Auditorias internas periódicas: Avaliar se os registros estão corretos e atualizados;
  • Treinamento contínuo das equipes: Garantir que todos saibam como operar o sistema e registrar as informações corretamente;
  • Atualização de FDSs e legislações: Acompanhar mudanças que afetem o manuseio ou classificação dos produtos;
  • Revisão de fornecedores e insumos: Avaliar se os produtos recebidos atendem às exigências de rastreabilidade e segurança.

Principais erros na rastreabilidade de produtos químicos

Evitar falhas comuns é parte fundamental para o sucesso do sistema. Entre os erros recorrentes, destacam-se:

  • Falta de padronização de etiquetas e registros;
  • Sistemas manuais e descentralizados;
  • Não integração entre áreas (compras, produção, segurança, meio ambiente);
  • Falta de responsabilidade definida por etapa;
  • Armazenamento inadequado de dados e documentos.

Quando a rastreabilidade é obrigatória?

A rastreabilidade de produtos químicos é exigida por diversos regulamentos, como:

Norma / LegislaçãoObrigatoriedade
NR-26Exige sinalização e identificação de produtos perigosos
RDCs da AnvisaEstabelecem controle para substâncias sujeitas a controle especial
Portaria 229/2011 do MTEObriga a disponibilização da FDS para todos os colaboradores
Normas ISO (ex: ISO 14001)Exigem rastreamento como parte da gestão ambiental e prevenção de impactos negativos

Como a Intertox pode ajudar sua empresa

A Intertox é referência nacional em soluções para segurança química, gestão ambiental e saúde ocupacional. Atuamos com consultoria, desenvolvimento de sistemas personalizados e treinamentos voltados à rastreabilidade de produtos químicos, garantindo total conformidade legal e otimização dos processos.

Se a sua empresa lida com substâncias perigosas, conte com o apoio de especialistas para implementar um sistema completo e eficiente. Desde o mapeamento inicial até a automatização digital, oferecemos suporte em cada etapa.

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Anvisa e Chile fecham acordo de facilitação de comércio para setor de cosméticos

No dia 31 de julho, Brasil e Chile fecharam um acordo para facilitar o comércio de cosméticos entre os dois países.

O objetivo do acordo é alinhar as regras e reconhecer mutuamente documentos, facilitando a entrada de produtos nos mercados e incentivando o comércio entre os países sem comprometer a qualidade e a segurança dos produtos.

Os principais pontos do acordo incluem a redução de barreiras técnicas ao comércio, a simplificação de regulamentações, a garantia de produtos seguros, o aumento da competitividade e dos investimentos, além de apoiar o crescimento da indústria de cosméticos, higiene e perfumes.

Entre os compromissos assumidos pelos dois países, encontram-se a definição de produtos cosméticos, a não exigência de Certificado de Livre Venda, a redução de exigências sanitárias prévias, a harmonização de rotulagem e boas práticas de fabricação e o fortalecimento da vigilância de mercado.

Vale destacar que uma pesquisa realizada pela Euromonitor Internacional coloca o Brasil como quarto maior mercado consumidor de cosméticos no mundo e o Chile é um importante destino para os cosméticos brasileiros, representando 16% das exportações do setor. Dessa forma, este acordo é um valioso precedente para negociações similares em outros setores e países, especialmente na América Latina.

Espera-se que o acordo reduza custos, aumente a clareza jurídica, melhore a competitividade, promova a cooperação entre as agências reguladoras dos países e impulsione o desenvolvimento econômico.

Fenol: Avaliação dos seus Efeitos Tóxicos

Introdução ao Fenol

O fenol (Nome IUPAC: Phenol), também conhecido como ácido carbólico, é um composto orgânico caracterizado pela presença de um grupo hidroxila (-OH) diretamente ligado a um anel aromático de benzeno. A fórmula química do fenol é C6H5OH, sendo classificado como um álcool aromático devido à sua estrutura molecular. O número CAS do fenol é 108-95-2, e a massa molar é 94,11 g/mol.

Propriedades e Utilizações do Fenol

O fenol é um sólido cristalino em forma de agulhas em seu estado puro, produzido sinteticamente a partir da sulfonação do benzeno. Ele torna-se líquido ao ser aquecido e libera vapores inflamáveis, havendo ainda o escurecimento de sua coloração quando exposto ao ar e à luz. Essa substância é amplamente utilizada na indústria química para a produção de resinas fenólicas, assim como reagente na produção de plásticos, medicamentos, herbicidas e desinfetantes.

Aplicações Médicas e Estéticas

Segundo Matarasso (1994), o fenol tem sido utilizado na medicina há décadas devido a sua ação bactericida e desinfectante.

Existem três níveis de peeling químico: superficial, médio e profundo. O procedimento superficial e médio são menos agressivos e apresentam baixo risco de complicações, uma vez que atingem a epiderme e derme, sendo indicados para tratamento de rugas, desidratação, espessamento e pigmentação irregular da pele proveniente da esfoliação e posterior renovação celular, de acordo com Velasco, Maria Valéria Robles, et al. (2004).

Do mesmo modo, segundo Velasco, Maria Valéria Robles, et al. (2004), o terceiro tipo de procedimento, o peeling profundo, é realizado fazendo-se o uso de fenol em altas concentrações provocando uma queimadura química, que ao longo do tempo resulta no rejuvenescimento da pele. No entanto, essa prática requer cuidado, pois pode levar à absorção do fenol e todas as complicações atreladas a esta substância química que possuí diversas características tóxicas.

Riscos da Exposição ao Fenol

Em síntese, a exposição aguda (efeito imediato após a aplicação) desta substância química pura causa queimaduras graves na pele e lesões oculares graves, além da mortalidade (teste DL50 realizado em ratas fêmeas) quando exposto à pele em dose de 660 mg/kg de peso corporal. Enquanto que a exposição crônica na pele (efeito nocivo após aplicações consecutivas e a longo prazo) provenientes de estudos in vivo reportados no site da ECHA, resultaram em tremores com 260 mg/kg de peso corporal/dia, efeitos irritantes ligeiros numa concentração de 3,56% e efeitos locais graves com 4,75%.

Nesse sentido, com base nestes e outros estudos, considerando também outras vias de exposição (principalmente oral e inalatória) e levando-se em considerações órgãos alvo específicos, traz as seguintes classificações para o fenol de acordo com o Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos (GHS):

Classificações de Perigo

  • Toxicidade aguda – Oral – Categoria 3
  • Toxicidade aguda – Dérmica – Categoria 3
  • Toxicidade aguda – Inalação – Categoria 3
  • Corrosão/Irritação à pele – Categoria 1B
  • Lesões oculares graves/Irritação ocular – Categoria 1
  • Mutagenicidade em células germinativas – Categoria 2
  • Toxicidade para órgãos-alvo específicos – Exposição repetida – Categoria 2
  • Perigoso ao ambiente aquático – Agudo -Categoria 2
  • Perigoso ao ambiente aquático – Crônico – Categoria 2.

As informações toxicológicas e os dados de ensaios que confirmam essas classificações podem ser encontrados em bancos de dados e listagens harmonizadas, como:

Considerando-se que o fenol possui rápida absorção pela pele, que a toxicidade pode variar conforme a sensibilidade individual, as interações medicamentosas e as concentrações utilizadas em peelings variando entre 30% e 90%, além dos efeitos à saúde humana já descritos, o fato dele ser parcialmente metabolizado e distribuído antes de ser excretado e a parte não metabolizada é excretada in natura colaboram com a contaminação do meio ambiente aquático uma vez que a substância apresenta riscos a este ambiente, com potencial letal para peixes, algas e crustáceos, conforme descrito na classificação GHS acima descrita.

Casos Henrique Silva Chagas

Referente ao caso da morte de Henrique Silva Chagas, de 27 anos, após um peeling de fenol em 3 de junho em São Paulo, a investigação está em andamento para identificar o produto utilizado e os resultados toxicológicos que podem revelar a causa do óbito.

Conclusão

Por último, devido à elevada toxicidade do fenol, a Anvisa publicou uma resolução no Diário Oficial da União proibindo a importação, fabricação, manipulação, comercialização, propaganda e uso de produtos à base de fenol em procedimentos de saúde e estéticos. Para mais informações, leia a matéria da Intertox sobre a proibição aqui.

Assim como, para ler o artigo de Velasco, Maria Valéria Robles, et al. (2004) (Rejuvenescimento da pele por peeling químico: enfoque no peeling de fenol) na íntegra, acesse: https://www.scielo.br/j/abd/a/fMXZNGpXX4qRnDVBhRsWLYh

Matéria escrita pela colaboração das colaboradoras Intertox Kérolyn Aparecida Silvério e Geisa Fernanda Juliari Lopes.

MMA ABRE SELEÇÃO DE REPRESENTANTES DA SOCIEDADE CIVIL PARA A COMISSÃO NACIONAL DE SEGURANÇA QUÍMICA

O Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA) publicou no dia 13/11/2023 edital para seleção de membros da sociedade civil para concorrer a representação do Conselho Nacional de Segurança Química (Conasq), reinstituído pelo Decreto nº 11.686/2023. O Conasq tem por competência definir normas legais e parâmetros para gestão de substâncias químicas no país e é composto por órgãos da administração direta e instituições públicas, além das vagas de representação da sociedade civil.

São aptos a inscrição organizações representativas da sociedade civil, setor privado, comunidade acadêmico-científica e de entidades de classe com atuação na área. Serão abertas 10 vagas titulares organizadas da seguinte forma (com direito a um suplente por vaga):

  • três entidades da sociedade civil;
  • três organizações do setor privado;
  • duas entidades da comunidade acadêmico-científica;
  • duas entidades de classe.

As votações serão realizadas virtualmente e a divulgação do resultado dos representantes eleitos será feita no dia 22 de janeiro de 2024. O cronograma do edital pode ser acessado através do link.

Pilares da Segurança do trabalho: Inovação e Desenvolvimento Sustentável

Os pilares da segurança do trabalho, bem como as melhorias de processos e estudos de casos são temas importantes e que será tratado neste artigo. 

Em seu artigo Inovação em Segurança e Saúde no Trabalho para o Desenvolvimento Sustentável (Industrial Occupational Safety and Health Innovation for Sustainable Development), publicado no periódico Engineering Science and Technology, em novembro de 2016, Kassu Jilcha e Daniel Kitaw descrevem a pesquisa abordando a importância da Inovação em Segurança no Trabalho, para se alcançar o Desenvolvimento Sustentável (DS).

Inicialmente, os autores citam os 3 pilares da segurança do trabalho, clássicos do Desenvolvimento Sustentável: Economia, Sociedade e Ambiente. Assinalam, a seguir, que diversos pesquisadores estão propondo a incorporação de 3 outros pilares: Cultura, Política e Tecnologia, juntamente com a inovação em SST, em todas as instituições relacionadas a segurança do trabalho, para que se atinja, efetivamente, o Desenvolvimento Sustentável.

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