Cádmio e chumbo presentes em brinquedos, kits e copos infantis
Na última semana, divulgamos matéria sobre as múltiplas exposições a substâncias químicas a que somos submetidos, diariamente, de diversas formas, como através do ar, da ingestão de alimentos, do uso de cosméticos e outros diversos produtos.
Grande motivo de preocupação internacional têm sido os produtos infantis (brinquedos, kits, copos com desenhos, shakeira e outros), já que muitas empresas têm excedido os limites de concentração estabelecidos para estes produtos, como no caso do chumbo, encontrado em concentração de até 1000 vezes maior em produtos infantis, segundo matéria do Environmental Health News.
Nos Estados Unidos, a U.S. Consumer Product Safety Comission (CPSC) disponibilizou para consulta a lista de produtos infantis que foram proibidos, por conta de seus perigos físicos (choque elétrico, estrangulação e outros) e toxicológicos, como no caso de intoxicação por chumbo, apresentando juntamente uma foto do produto. Podemos verificar na lista grande quantidade de produtos que violaram o limite estabelecido de chumbo em pinturas. Clique aqui e veja a lista e as notificações.
Além do chumbo, a agência americana EPA (Environmental Protection Agency) recebeu petições acerca do cádmio em bijuterias de metal, considerando a exposição de crianças pela via oral. Em reposta á petição, a EPA, em ação conjunta com a CPSC, afirmou, em agosto deste ano, que iria propor regras exigindo estudos de segurança e saúde destes produtos. Sabe-se que o cádmio é classificado como do grupo B1, provável carcinógeno humano; tóxico para o desenvolvimento e que a exposição oral crônica pode causar doença renal (EPA, 2010).
O chumbo inorgânico pode ser absorvido pelo trato gastrintestinal (TGI), pela via inalatória e pela pele, sendo a absorção pelo TGI mais eficiente, alcançando facilmente o tecido nervoso. O chumbo interfere na síntese de hemoglobina e no desenvolvimento dos eritrócitos, além de causar danos ao sistema nervoso e na função renal, sendo as crianças ainda mais susceptíveis, podendo apresentar hiperatividade, diminuição da atenção, deficiências mentais e danos à visão mesmo em níveis baixos de exposição (Hodgson, 2004).
Algumas empresas, que são motivo de preocupação por parte das agências reguladoras, como as do ramo “fast-food”, estão presentes mundialmente. Casos de copos com desenhos de personagens do cinema infantil, com altos níveis de chumbo e cádmio têm sido relatados na imprensa internacional. Para saber mais, clique aqui.
Com a larga utilização química, tornou-se necessário aos países maior atuação no contexto da segurança toxicológica, já que a exposição química está inevitavelmente presente na sociedade contemporânea. O risco inaceitável pode ser evitado e/ou controlado, cabendo aos governos, agências locais, empresas e sociedade civil, adotarem em seus respectivos contextos, a sã consciência da existência do risco e forte participação e apoio nas ações de controle do mesmo. Para tanto, a constante atualização da informação toxicológica e a integração de programas de segurança devem ser implementadas em empresas e agências reguladoras.
No caso dos produtos infantis, torna-se necessária maior vigilância no país, incluindo, obviamente, o contexto toxicológico, já que se conhece que a faixa etária é considerada grupo de maior susceptibilidade. Cabe aos fabricantes e empresas avaliarem seus produtos, e, no mínimo, buscar conhecimento sobre suas matérias-primas, limites de concentração seguros exigidos, abrangendo o ciclo do produto e os riscos toxicológicos oferecidos (do âmbito ocupacional ao ambiental), objetivando controlá-los e informá-los aos usuários.
Para saber mais a respeito da toxicidade (e ecotoxicidade) desses metais referidos, sugerimos consultar a obra Metais – Gerenciamento da toxicidade, de Fausto Azevedo e Alice Chasin e as publicações disponíveis no Portal da Intertox.